Enterrei a dor do meu coração,
o que não quer dizer que não passe o tempo a emergir.
Apaguei a tristeza dos meus olhos,
o que não quer dizer que não chorem a toda a hora.
Escolhi as boas recordações de nós,
o que não quer dizer que não teimem em dissipar-se.
Recuperei as palavras doces de tua boca,
o que não quer dizer que não me continuem negadas.
Reconstrui o toque imortal das tuas mãos,
o que não quer dizer que não passe de ilusão perdida.
Provei o sabor imutável dos teus lábios,
o que não quer dizer que não passem de avidez imerecida.
Guardei o abraço dos teus sentidos,
o que não quer dizer que não passe de saudade inútil.
Soltei o espírito e a alma do meu canto,
o que não quer dizer que não vagueiem por todos os cantos.
Entreguei o meu amor incondicionalmente,
o que não quer dizer que não reclame ainda a devolução. o que não quer dizer que não tenhas preferido não voltar.
o que não quer dizer que o tenha vivido.
Amei-te a ti e a tudo em ti,
o que não quer dizer que seja o suficiente para me amares.
Vivi infeliz, e feliz morri,
o que não quer dizer que não possa viver,
conhecer, esperar, entregar-me, soltar-me,
guardar, provar, reconstruir, recuperar,
escolher, apagar, enterrar…
Para morrer e de novo amar…
O que não quer dizer que não possa amar-te…
a cada despertar, a cada renascer...
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